Considerada um dos ícones da indústria automobilística do país, e criada por brasileiros em pleno Nordeste, região que não estava no mapa de grandes montadoras até início dos anos 2000, a Troller passou por dois donos nacionais e foi parar nas mãos da norte-americana Ford, que em janeiro anunciou seu fechamento para o fim do ano.
Há um esforço para salvar a marca brasileira que produz, no Ceará, o Troller T4, jipe que tem frota total em circulação de cerca de 20 mil unidades, a maioria nas mãos de fãs do modelo, os “troleiros”. Governo do Ceará, Federação das Indústrias, Ministério da Fazenda e Prefeitura de Horizonte, onde está a fábrica, buscam interessados em adquirir a empresa.
Há três grupos que declararam interesse e três que, por enquanto, fizeram sondagens, informa o secretário do Desenvolvimento Econômico do Ceará, Maia Junior. “Nosso papel é apenas intermediar as discussões, pois as negociações ocorrem diretamente entre a Ford e os interessados”, explica ele.
Segundo Maia, o estado pretende estender a um eventual comprador o benefício fiscal oferecido a todas as indústrias que se instalam no Ceará, que é o prazo de 36 meses para recolhimento de 75% do valor do ICMS. O pagamento normalmente tem de ser feito em até um mês.
O secretário afirma que as três empresas que já indicou para a Ford são do setor automotivo e têm interesse só na Troller, e não nas outras duas fábricas que a Ford fechou em janeiro em Taubaté (SP) e Camaçari (BA), onde produzia os modelos Ka e EcoSport, e na unidade de motores em Taubaté (SP).
“A prioridade do Ceará é a garantia da produção desse carro, que é genuinamente cearense desde o seu desenvolvimento, e a garantia dos empregos de hoje (cerca de 500). “Não queremos ninguém para construir galpões e só daremos o benefício com essas garantias; fora disso não tem conversa”, afirma Maia.