Câncer de próstata: por medo de efeitos colaterais, homens tratam menos - NoroesteOnline.comNoroesteOnline.com ">

Câncer de próstata: por medo de efeitos colaterais, homens tratam menos

26 de novembro de 2018

Homens preferem ter menores chances de sobrevivência do que enfrentar possíveis efeitos colaterais de um tratamento que pode alterar sua vida sexual. A conclusão é de um estudo apresentado na conferência do Instituto de Pesquisa Nacional do Câncer em Glasgow, no Reino Unido.

Atualmente, o tratamento do câncer de próstata inclui cirurgia ou radioterapia, mas ambos podem causar incontinência urinária e perda da função sexual. O estudo sugere que, embora os pacientes valorizem uma vida mais longa, eles também valorizam a qualidade de vida, e podem estar dispostos a escolher menos tratamentos com base nisso.

Os pesquisadores do Imperial College London conversaram com 634 homens que tinham recebido recentemente o diagnóstico de câncer de próstata. Em todos os casos, o tumor ainda não havia se espalhado. A maioria (74%) tinha tumor de baixo ou médio risco e os demais (26%), de alto risco.

Após o diagnóstico, os pesquisadores propuseram dois tratamentos hipotéticos aos pacientes. As alternativas eram diferentes em termos de impacto na sobrevivência, incontinência urinária, impotência sexual, tempo de recuperação e probabilidade de necessitar de tratamento adicional.

Em seguida, eles deveriam escolher uma das opções, com impactos variados na sobrevivência e nos efeitos colaterais. Os resultados mostraram que entre obter uma melhoria de 1% na chance de manter a função urinária ou 0,68% de chance na melhora de sobrevida, os homens tendiam a escolher a primeira opção.

A mesma decisão se repetiu quando as opções eram a chance de 0,41% de melhora na sobrevida ou uma probabilidade 1% maior de não precisar de mais tratamento. Por ¡m, para ter 1% a mais de chance de conseguir ereções, estavam dispostos a desistir de melhorar em 0,28% a chance de sobrevida.

“Os homens querem vida longa, mas eles valorizam altamente os tratamentos que têm efeitos colaterais baixos, tanto que, em geral, eles estavam dispostos a aceitar uma menor sobrevivência se isso significasse o risco de efeitos colaterais baixo”, disse Hashim Ahmed, urologista e líder do estudo.

Para Ahmed, esses resultados chamam atenção para a necessidade de novas estratégias, que reduzam o dano ao paciente e limitem o impacto dos efeitos colaterais do tratamento na qualidade de vida.

Câncer de próstata

O câncer de próstata é o sexto tipo mais comum de câncer no Brasil e o segundo mais frequente em homens, após os tumores de pele.

A doença mata um brasileiro a cada meia hora e a principal razão para isso é o diagnóstico tardio. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 20% dos pacientes são diagnosticados em estágios avançados, o que diminui bastante as chances de cura.

Em geral, a doença é silenciosa – não apresenta sintomas em seu estágio inicial – e lenta, podendo levar até 15 anos para atingir um grama.  Porém, alguns tumores crescem de forma rápida, podendo se espalhar para outros órgãos e por isso a importância da investigação precoce. Sua incidência é mais comum em após os 50 anos de idade.

A baixa taxa de diagnóstico precoce está fortemente associada a dois fatores principais: o fato dos homens não terem o hábito de ir ao médico regularmente e o tabu em relação ao toque retal.

Existe o preconceito em torno desse exame por parte dos homens, que acabam postergando a visita ao especialista e quando vão, geralmente já há algo errado.

No Brasil, a recomendação é que homens com risco médio para o câncer de próstata comecem o rastreamento a partir dos 50 anos. Aqueles com alto risco, como os que têm um parente de primeiro grau com diagnóstico antes dos 65 anos, devem começar aos 45 anos.

Exames

– Toque retal: Simples e rápido, é feito no consultório e permite ao médico avaliar alterações da próstata, como endurecimento e presença de nódulos suspeitos. Cerca de 20% dos pacientes são diagnosticados somente por constatação de alteração durante esse exame.

– PSA: Exame de sangue faz a dosagem de uma proteína, o antígeno prostático específico ou PSA, na sigla em inglês. É o segundo exame indicado para rastreio do câncer de próstata, além do toque retal.

– Ressonância magnética: Através de um protocolo chamado avaliação multiparamétrica, as imagens obtidas pelo exame permitem realizar a avaliação estrutural da próstata e identificar possíveis áreas de aumento ou distorções. Outra função do método é acompanhar a progressão ou regressão do tumor.

– PCA3: Exame simples feito a partir da urina usado para identificar proteínas cancerosas produzidas pela próstata. Ele é o principal aliado para descartar a dúvida sobre necessidade de biópsia nos pacientes.

– P2PSA: Representa o que há de mais novo em termos de diagnóstico do câncer de próstata. Recém chegado ao país é mais específico que o PSA, e serve para auxiliar o médico em caso de dúvidas frente a um resultado de PSA alterado, diminuindo o número de biópsias desnecessárias.

Fonte: O Sul

EAD Unijuí 2023 | Conectando Futuros

2 de março de 2023
Copyrights 2018 ® - Todos os direitos reservados