“O principal legado da obra e da trajetória de Paixão Côrtes é a nossa compreensão como povo e como identidade cultural. Missão cumprida. Que o Laçador esteja na paz”. A declaração feita pelo secretário estadual de Cultura, Victor Hugo, resume muito do sentimento do velório do tradicionalista, compositor, folclorista e pesquisador da cultura gaúcha Paixão Côrtes, ao longo desta terça-feira, no Salão Negrinho do Pastoreiro, no Palácio Piratini, em Porto Alegre. O misto de tristeza, pela sua partida e ícone da tradição gaúcha, aos 91 anos, e, ao mesmo tempo, de gratidão, pelas palavras compartilhadas por aqueles que foram prestar suas últimas homenagens.
A cerimônia de despedida começou por volta das 9h, restrita a familiares e amigos íntimos. Pouco depois das 10h, foi aberta para o público geral, que foi crescendo ao longo do dia. Muitas coroas de flores, posicionadas junto a escadaria do Piratini, davam um pouco da demonstração do carinho pelo tradicionalista. Vestidos de prenda e bombachas se destacaram na vestimenta daqueles que chegavam, muitos inconsoláveis. Os atos de despedida no Piratini seguirão até as 17h, quando deverá haver um cortejo até o cemitério São Miguel e Almas.
Em nome da família, coube ao filho Carlos Côrtes fazer a manifestação de agradecimento. “Findou o tempo do meu pai, mas não findou o tempo do trabalho do Paixão Côrtes. Acho que pelo reconhecimento e pelas homenagens que estão sendo feitas, o trabalho deve ser pesquisado, deve ser conhecido para que as pessoas possam entender como se fez a identidade do gaúcho”, resumiu ele.
Ainda sobre este aspecto, Carlos lembrou as contribuições do pai e de Barbosa Lessa aos gaúchos. “Se hoje uma criança dançando o pezinho é graças a ele e Barbosa Lessa que puderam resgatar através das danças o orgulho de ser gaúcho e uma coisa que aprendi com meu pai, é a valorização do homem simples do campo. Da simplicidade, quando era considerado grossura, ele via cultura. E hoje as pessoas estão reconhecendo essa cultura”, destacou.