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Ansiedade está entre transtornos mais comuns na adolescência

25 de junho de 2019

A mãe dela atribui os problemas a uma combinação de pressão para acompanhar o nível de excelência escolar, dificuldades nos primeiros contatos afetivos e um caso de assédio sexual envolvendo alunas e um professor na escola em que ela estudava antes.

Na zona norte da cidade, Juliana, 16, frequenta um colégio público e também sofre de ansiedade. O problema surgiu quando ela conseguiu seu primeiro emprego, em uma empresa de telemarketing.
A jornada excessiva provocava dores no peito, mal-estar e vontade de chorar, que se transformaram, com o tempo, em um transtorno.

Flávia e Juliana são nomes fictícios, assim como todos os usados para proteger os menores de idade entrevistados para este especial. Mas as histórias são reais e muito comuns entre os adolescentes. Essa geração que cresceu pós-ditadura, sem inflação e com acesso ao mundo pela internet lida com outras dificuldades que estão levando a um aumento principalmente nos casos de ansiedade.

“O mundo está mais corrido, mais competitivo, a expectativa sobre os adolescentes é maior, e ao mesmo tempo, o futuro é nebuloso”, afirmou o psiquiatra Antônio Teixeira Júnior.  O psiquiatra Edson Saggese disse que a própria indefinição do período caracterizado como adolescência é um desafio com o qual a sociedade ainda não consegue lidar. “Você é adulto porque casou? Porque teve a primeira relação sexual? Porque trabalha? A indeterminação da adolescência tem repercussões na vida psíquica”, explicou.

O fenômeno não é restrito ao Brasil. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), metade das doenças mentais diagnosticadas no mundo todo começa aos 14 anos. A entidade estima que um em cada cinco adolescentes enfrente algum transtorno nessa fase da vida. Nos EUA, uma pesquisa publicada no Journal of Developmental and Behavioral Pediatrics, no ano passado, apontou um aumento de 20% nos diagnósticos de ansiedade entre 6 e 17 anos entre 2007 e 2012.

No Brasil, há poucos estudos. O primeiro, feito pelo Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para Crianças e Adolescentes em 2015, apontou que 13% das pessoas entre 6 e 16 anos tinham transtornos mentais, sendo os mais prevalentes a ansiedade (7%), o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (4,5%) e a depressão (0,5%).

Segundo os pesquisadores, o momento atual é interessante para rastrear e analisar esses dados, já que a população mundial de adolescentes nunca foi tão grande: são 1,2 bilhão de pessoas entre 10 e 19 anos. O número tende a crescer até 2030, principalmente em função de países na África e na Ásia, de acordo com o Unicef. O Brasil, que tem cerca de 31 milhões de crianças e adolescentes, segundo projeção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para 2019, já está fora desse grupo em crescimento.

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