Captação de Recursos Através de Geração de Renda
Embora seja uma das fontes menos conhecidas, a geração de renda é apontada como uma das principais responsáveis pela sustentabilidade financeira das ONGs no Brasil. Trata-se do conjunto de estratégias que possibilitam a entrada de recursos financeiros por meio de atividades econômicas realizadas pela própria organização. Essas receitas são livres, ou seja, podem ser aplicadas conforme as necessidades da entidade. Abaixo segue um breve relato das principais formas de geração de renda com suas vantagens e desvantagens:
1. Licenciamento
A ONG cria um personagem ou usa sua marca e permite que empresas usem essa imagem em produtos, recebendo royalties.
• Vantagens: renda recorrente e livre; promove reconhecimento da marca.
• Desvantagens: exige personagem/marca com forte apelo; alto custo inicial e longo prazo de retorno.
• Indicado para: ONGs grandes, reconhecidas e com estrutura operacional robusta.
2. Fundos Patrimoniais
A organização investe um montante próprio em aplicações financeiras, utilizando apenas os rendimentos.
• Vantagens: renda estável e pouco trabalhosa após implantação.
• Desvantagens: exige capital inicial elevado e conhecimento técnico.
• Indicado para: ONGs estruturadas com recursos disponíveis e acesso a especialistas.
3. Aluguéis
Renda proveniente da locação de imóveis próprios da organização.
• Vantagens: receita recorrente e livre; baixa demanda de tempo após implementação.
• Desvantagens: necessidade de capital para aquisição e gestão especializada.
• Indicado para: ONGs com patrimônio e estrutura para administrar imóveis.
4. Eventos
Realização de eventos beneficentes com arrecadação revertida à ONG.
• Vantagens: retorno rápido; reforça visibilidade da causa.
• Desvantagens: risco de prejuízo; exige planejamento detalhado.
• Indicado para: ONGs com rede de apoio ampla e capacidade de mobilização.
5. Prestação de Serviços
ONG oferece serviços pagos, como consultorias ou cursos, aproveitando seu know-how.
• Vantagens: baixo investimento inicial; uso de competências já existentes.
• Desvantagens: necessidade de estrutura comercial e demanda de mercado.
• Indicado para: ONGs com expertise reconhecida e estrutura para negócios paralelos.
6. Venda de Produtos
Comercialização de itens produzidos pela ONG ou recebidos em doação.
• Vantagens: receita recorrente; flexível e adaptável a diversos contextos.
• Desvantagens: demanda estrutura de produção/venda e gestão de estoque.
• Indicado para: ONGs com capacidade de produção ou acesso a produtos com valor de mercado.
7. Marketing de Causa
Parceria com empresas para campanhas conjuntas, onde parte das vendas ou arrecadação vai para a ONG.
• Vantagens: receita livre e divulgação da marca.
• Desvantagens: relacionamento corporativo exige tempo e confiança.
• Indicado para: ONGs com boa reputação, rede de contatos no setor privado e imagem pública consolidada.
Para que seja bem-sucedida, a captação através de geração de renda requer planejamento estratégico, estudo de mercado, definição clara do público-alvo e uma gestão eficiente. A transparência na utilização dos recursos e a comunicação efetiva com apoiadores também são fundamentais para consolidar a confiança e a credibilidade da iniciativa.
Em resumo, a geração de renda como ferramenta de captação de recursos é uma alternativa viável, criativa e sustentável para organizações que desejam ampliar seu impacto social e alcançar maior estabilidade financeira.
Fabíola Dutra – Assistente Social
Especialista em Gestão de Projetos Sociais.
Especialista em Políticas Públicas, Redes e Defesa de Direitos.
MBA em Inovação na Gestão Pública.
MBA em Gestão Pública com Ênfase em Cidades Inteligentes.
Perita Social e Judicial.