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Metade dos times da Série A atrasou pagamentos de atletas em 2019

9 de outubro de 2019

Com orçamentos milionários, os clubes da Série A do Brasileiro tiveram em 2019 problemas recorrentes de atrasos de pagamentos a atletas. Das 20 equipes da elite do Nacional, pelo menos 10 não quitaram no prazo previsto salários e premiações para seus jogadores na atual temporada, segundo o jornal Folha de S. Paulo.

O problema atinge clubes que estão em situações distintas no torneio. Desde os que disputam as primeiras colocações, como Santos, Corinthians e São Paulo, até os que brigam para não cair para a Série B, como Chapecoense, Cruzeiro e Fluminense.

Desde 2015, o regulamento de competições da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) prevê penas, como a perda de ponto para equipes que atrasarem mais de um mês de salários a seus jogadores ou funcionários. As ocorrências devem ser denunciadas ao STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva).

Na Série B, houve denúncia do Figueirense, que atrasou salários. Os atletas chegaram a fazer greve. Na ocasião, foi o Ministério Público do Trabalho que denunciou o caso, que ainda será julgado.

Já na primeira divisão, os atletas evitam denunciar as equipes. Até mesmo casos que se tornaram públicos não chegaram ao tribunal.

“Quase nenhuma denúncia [chegou ao STJD em 2019]”, disse o procurador-geral do órgão, Felipe Bevilacqua. Segundo ele, há receio dos jogadores e de seus representantes para levar adiante casos assim. “[O fato é que] as pessoas que teriam maior interesse não denunciam”.

Em setembro, os atletas do Botafogo manifestaram sua insatisfação com a falta de pagamento, que atingiu também os funcionários, e se recusaram a participar das ações de marketing do clube.

Outros clubes do Rio, como Fluminense e Vasco, têm problemas semelhantes. Líder do Brasileiro, o Flamengo é exceção no estado, sem casos de inadimplência com atletas.

“A gente teve o pagamento de quatro folhas salariais [que estavam pendentes da antiga gestão] no período de três meses”, afirmou Mario Bittencourt, presidente do Fluminense. Endividado, o clube tem sofrido com penhoras, como a que bloqueou mais de R$ 11 milhões da venda de Pedro à Fiorentina.

O Vasco viveu problemas semelhantes na temporada. O clube diz ter um plano de recuperação financeira de seis anos para tentar reduzir as dívidas. “Nosso foco é construir um futuro a médio prazo muito maior, mas a curto prazo a gente reconhece os problemas”, disse o vice-presidente de controladoria do clube, Adriano Mendes.

“A obrigação do Vasco é reconhecer que tem que pagar os salários dos jogadores, da comissão técnica e dos funcionários”, afirmou o técnico Vanderlei Luxemburgo, em julho. Na época, ele disse que não receberia o seu salário enquanto a diretoria não quitasse os “dois, três meses” em atraso com os atletas.

Durante o Campeonato Paulista, o técnico do Santos, Jorge Sampaoli, fez o mesmo que Luxemburgo quando seus jogadores deixaram de receber. No Brasileiro, a equipe paulista —que chegou a liderar o torneio e está atualmente na 3ª colocação— também teve atrasos de pagamento.

Segundo o presidente do Sindicato de Atletas do Estado de São Paulo, Rinaldo Martorelli, a situação atual dos jogadores da primeira divisão está dentro de um “limite de suportabilidade”. “Este ano, não chegou a ponto de ter que notificar algum clube”, afirma.

Já o presidente do sindicato do Rio, Alfredo Sampaio, conta que a entidade chegou a denunciar equipes ao STJD no passado. Segundo ele, existe uma “bola de neve”: dívidas passadas que encurtam o orçamento atual e que compromete as receitas futuras.

“Não adianta você denunciar, fazer o time perder pontos. Isso só vai piorar. Esse equilíbrio a gente tem que ter, saber quem não paga por sacanagem e quem não paga porque a situação é difícil”, afirmou Sampaio.

A Lei Pelé permite ao atleta se desligar de uma equipe sem pagamento de multa contratual caso fique três meses sem receber o salário registrado na Carteira de Trabalho. Há no Supremo Tribunal Federal uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade), enviada pelo senador Romário (Podemos-RJ), que diminuiria este limite para 30 dias.

O endurecimento da lei, porém, pode ter efeito limitado, já que existem outros pagamentos que o clube faz aos jogadores além do salário.

Muitos atletas da Série A do Brasileiro complementam seus vencimentos com contratos paralelos ao de trabalho, como o de cessão de direitos de imagem. Na maioria dos casos, o atraso acontece nesses pagamentos, que não contam com a mesma proteção de vínculos empregatícios.

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