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Quase 30% dos brasileiros podem ter a doença do refluxo e não saber

12 de abril de 2019

O refluxo gástrico é, muitas vezes, tido apenas como um sintoma, mas, na verdade, trata-se de uma doença. Poucas pessoas fazem essa associação e a consulta com um especialista é adiada. Enquanto isso, a automedicação e o agravamento do problema comprometem ainda mais a qualidade de vida.

Uma pesquisa sobre o conhecimento e a incidência da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) no Brasil, conduzida pela GFK e encomendada pela farmacêutica Takeda, revelou esse perfil. Das 1.773 pessoas entrevistadas, 28% disseram que sentem algum sintoma da enfermidade, mas não o associam à doença.

A taxa aumenta quando a amostra se concentra nos 48% dos entrevistados que tiveram algum indicativo de DRGE nos últimos seis meses. Desses, 58% não relaciona o sintoma com a doença. Além disso, 60% dos brasileiros desconhecem a enfermidade.

O doutor em gastroenterologia clínica Décio Chinzon diz que, se não tratada, a doença do refluxo tem chance maior de se tornar um câncer de esofâgo, embora a incidência seja baixa. “Pode causar inflamação do esôfago, leve, moderada ou mais intensa. Essas inflamações intensas podem levar à diminuição do calibre do esôfago”, explica o médico.

O que é a doença do refluxo?

A DRGE é uma doença crônica e caracteriza-se pelo retorno de parte do conteúdo do estômago para o esôfago. Esse conteúdo pode ser também o ácido gástrico, que dá a sensação de queimação e pode causar lesões nos tecidos do órgão. Além do refluxo em si, outros sintomas são azia, regurgitação, dor no peito, pigarro e tosse.

Os motivos para que o refluxo gastroesofágico ocorra são variados, mas se baseiam no mau fechamento de uma válvula, chamada de esfíncter esofágico inferior, que separa o estômago do esôfago. Se essa barreira não se fechar bem, o conteúdo estomacal volta no sentido contrário. Isso pode ocorrer devido ao enfraquecimento das fibras musculares do esfíncter, aumento da secreção gástrica ou estômago muito cheio por tempo prolongado.

“Se a frequência dos sintomas é semanal, se a pessoa acorda à noite com refluxo, queimação, tem dificuldade para engolir e sente dor com frequência, já deve procurar o médico”, orienta Chinzon.

Busca por tratamento do refluxo gástrico

A pesquisa mostrou que um terço das pessoas que sentem o incômodo não toma qualquer atitude e deixa a crise passar sozinha. Quando fazem algo, a primeira medida é tomar um remédio que já têm em casa ou chá natural. Ir ao pronto-socorro ou consultar um especialista raramente é o primeiro passo na busca pelo tratamento. Quando é, ocorre, geralmente, seis dias após os sintomas.

Aqui, destaca-se que 60% da amostra é atendida pelo Sistema Único de Saúde e isso dificulta o acesso direto a um profissional que cuida só de casos relacionados ao sistema digestivo. Tanto que 75% de quem busca atendimento médico consulta-se primeiro com um clínico geral.

O executivo Rodrigo dos Santos, de 40 anos, convive com a doença do refluxo gastroesofágico há cerca de dez anos. No entanto, faz apenas cinco que ele a controla com medicação. Mudar alguns hábitos para evitar os episódios também foi outra medida adotada. Mas, antes disso, ele passou um bom tempo ignorando os sintomas e tomando omeprazol.

Tratamento para doença do refluxo gástrico

Chinzon reforça o método adotado por Rodrigo Santos: o tratamento alia medidas comportamentais e farmacológicas. “As primeiras orientações para o paciente são não deitar após comer, evitar comer demais, comer de forma frequente com menos quantidade e evitar alimentos gordurosos”, cita o gastroenterologista.

Os medicamentos mais utilizados são os inibidores da bomba de prótons, como o omeprazol, que têm um efeito maior e mais prolongado do que os antiácidos. Estes, embora não façam mal ao organismo e tragam alívio imediato, fazem com que a pessoa deixe de ir ao médico quando sofre constantemente com o problema.

A automedicação, segundo Décio Chinzon, é desaconselhada. “A pessoa pode ter um medicamento em casa, desde que orientado pelo médico e tome quando necessário. Mas a automedicação mascara os sintomas, o que faz a doença evoluir”, diz o médico.

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