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Com a baixa no valor do peso, os brasileiros devem invadir a Argentina

17 de julho de 2018

A desvalorização de quase 40% sofrida pelo peso argentino entre os meses de maio e julho virou boa notícia para as cidades turísticas do país, que, nestas férias de inverno, esperam receber um recorde de visitantes locais, além de muitos estrangeiros atraídos por preços, em dólares, bem mais em conta. Em Bariloche, autoridades locais e empresários do setor de turismo apostam na melhor temporada dos últimos dez anos. Os prejudicados desta equação foram os destinos que, até o ano passado, estavam entre os preferidos dos argentinos para este período, como Chile e Brasil.

Segundo agências de turismo locais, as vendas de passagens aéreas para Chile e Estados Unidos recuaram 35% na comparação com igual período do ano passado. A queda oscilou entre 15% e 17% no caso de balneários no Brasil e no Caribe. Já a demanda de passagens para Bariloche e cidades da Patagônia, como El Calafate, aumentou de forma expressiva. Nestas regiões, autoridades locais têm a expectativa de receber de 30% a 35% mais turistas este ano.

Em Bariloche, onde está o Cerro Catedral, um dos centros de esqui mais visitados da Argentina, deverão desembarcar 360 mil pessoas neste mês. Entre julho e agosto, são previstos 170 voos semanais unindo a cidade a Buenos Aires, São Paulo, Mendoza, Tucumán e Córdoba. Segundo o Ministério do Transporte argentino, desembarcarão nestas férias em Bariloche 30% mais passageiros domésticos em relação a 2017.

No caso dos estrangeiros, foi projetado um crescimento de até 160%, impulsionado, principalmente, pelos brasileiros. Nos últimos anos, o número de turistas brasileiros na cidade, chamada no inverno de “Brasiloche”, alcançou 20 mil pessoas. Para esta temporada são esperados até 42 mil brasileiros.

Tsunami cambial

Os argentinos atravessaram uma verdadeira tsumani cambial nos últimos meses. A cotação do dólar passou de 20,50 para 28 pesos, chegando, em alguns momentos, a quase 30 pesos. A desvalorização assustou muitos que planejavam férias fora do país, disse Sebastián Pezzati, diretor-geral da agência Pezzati Viagens, uma das principais do país: ” Para este período, nossas vendas de passagens para o exterior caíram 50%”.

As passagens compradas previamente por sua agência para destinos internos como Salta, Mendoza, Iguaçu, Bariloche e Calafate foram 100% vendidas.

“No caso das passagens para o Brasil, foram comprados apenas 60% do total que tínhamos estocado para as férias”, comentou o diretor da agência.

Segundo ele, ainda é cedo para saber se o impacto da desvalorização nos hábitos de férias dos argentinos prejudicará os destinos brasileiros no próximo verão.

“Não devem ocorrer grandes mudanças se conseguirmos ter ao menos seis meses de estabilidade cambial. Também é verdade que nossos fornecedores de serviços turísticos no Brasil têm bastante flexibilidade para adaptar seus preços”, afirmou Pezzatti, acrescentando que consegue encontrar hotéis de três estrelas no Rio com preços a partir de US$ 50 por dia.

Mas, nas férias de inverno, as vedetes serão locais. Dados da Câmara Argentina da Média Empresa mostraram que, neste mês, pelo menos 9 milhões de pessoas, de um total de 41 milhões de habitantes, realizarão excursões de um dia. Além disso, 4,95 milhões passarão, pelo menos, uma noite fora de casa. O turismo interno terá um crescimento de 1,2% em relação ao mesmo período do ano passado.

“Apesar da conjuntura econômica, estamos prevendo férias de inverno altamente positivas para todos os destinos, com mais movimento do que tivemos em 2017”, assegurou Aldo Elías, presidente da Câmara Argentina de Turismo.

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