O pré-candidato do PSL à Presidência da República, deputado federal Jair Bolsonaro, afirmou nesta quinta-feira (19) que “jamais” se comprometeu com os partidos que rejeitaram alianças com ele nos últimos dias. “O nosso partido é o povo e não os líderes partidários que representam o atual sistema no Brasil”, declarou Bolsonaro pelo Twitter. Ele enfrenta dificuldades para compor coligações na disputa ao Palácio do Planalto.
Com a rejeição do PR e do PRP, o parlamentar fluminense, que lidera as pesquisas em cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deve optar uma “chapa puro-sangue” – com o vice indicado de dentro do seu partido – para a disputa presidencial.
Em menos de 48 horas, ele ouviu um “não” do PR, comandado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), e do nanico PRP – legenda do general da reserva Augusto Heleno Ribeiro, cotado até então para ser o vice na chapa. Caso não consiga romper o isolamento, Bolsonaro vai dispor de apenas oito segundos em cada bloco no horário gratuito de rádio e TV, que começará em 31 de agosto. Após o PRP recusar a indicação do general da reserva para ser vice de Bolsonaro, o militar afirmou que deve se desfiliar do partido e que continuará ajudando na campanha do pré-candidato à Presidência da República.
“A maioria da imprensa cria falsa narrativa como se tivesse sido descartado por fulano e sicrano. Jamais me comprometi com nenhum dos citados. Sempre deixei claro que meu partido é o povo e agora tentam desonestamente inverter a situação para mais uma vez nos descredibilizar!”, afirmou.
Na quarta-feira (18), o presidente nacional do PRP, Ovasco Resende, disse que o parlamentar deu um prazo curto ao partido para decidir se aceitaria ser vice na chapa. E que, por isso, a legenda resolveu declinar da aliança. Analistas políticos ouvidos pelo jornal avaliam que a sua candidatura é considerada “de alto risco” pelo sistema partidário.
Na prática, o cálculo que vem sendo feito por líderes políticos é de que Bolsonaro teria dificuldades de vencer a eleição no segundo turno. Nas negociações, as legendas têm dado prioridade às candidaturas proporcionais, visando a formação de bancadas no Congresso.
Para enfrentar a falta de palanque eletrônico, a campanha do PSL já prevê uma estratégia que envolve recursos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para usar o direito de resposta no espaço dos concorrentes. A avaliação é de que Bolsonaro será constantemente alvo de ataques. “Vamos jogar no contra-ataque”, afirmou o deputado Luciano Bivar (PSL-PE), um dos articuladores da campanha.
Nos próximos dias, Bolsonaro deve repetir em discursos que está sozinho porque prefere ficar longe dos políticos corruptos, que só querem saber de vender seu tempo de televisão na eleição.