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FHC: “modelo político criado na Constituição está no fim”

13 de setembro de 2018

O modelo político criado na Constituição de 1988 está em seu ciclo final e a política brasileira não estará mais polarizada entre PT e PSDB, com a entrada de mais atores no jogo, afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em entrevista à Reuters.

Presidente de honra do PSDB que comandou o país entre 1995 e 2002, Fernando Henrique também faz a avaliação de que o próximo presidente, a ser eleito em outubro, deverá mostrar liderança para fazer frente à grande fragmentação partidária existente atualmente no país que, segundo ele, não foi prevista durante a Constituinte de 30 anos atrás.

“O sistema político que nós montamos na Constituição de 1988 –e eu era constituinte– está no seu ciclo final. Houve um esgarçamento da estrutura partidária. Houve, além disso, uma crise econômica e além disso, escândalos de corrupção. Isso em conjunto levou a colocar em xeque aquilo que foi montado em 1988”, disse o ex-presidente à Reuters na terça-feira, durante o Brasil Risk Summit, realizado pela Thomson Reuters em São Paulo.

“Nós aqui (no Brasil) temos uma maioria descontente. Você tem que se dirigir a essa maioria descontente e tentar reerguê-la. Tem que de novo operar para alguma coisa que seja coletiva. Neste momento você não tem nada coletivo, cada um quer o seu. Isso é perigoso se não houver quem diga: ‘olha, temos um rumo, vamos por aqui.’ Está precisando disso.”

Ao mesmo tempo, o tucano reconheceu que a retórica em um tom elevado que tem sido adotado na campanha eleitoral “pode atrapalhar” em um processo de pacificação do país quando o próximo presidente assumir em janeiro de 2019.

Ao comentar a última pesquisa do Datafolha, divulgada na segunda-feira, que apontou liderança de Jair Bolsonaro (PSL) e empate técnico entre quatro candidatos no segundo lugar, Fernando Henrique indicou que esta eleição pode implicar numa mudança na política brasileira.

“É inegável que tem um candidato, que é o Bolsonaro, que conseguiu ter um número razoável de apoiadores –entre 20 e 25 por cento, um quarto da população. Os outros estão divididos, a gente não sabe ainda o que vai acontecer”, disse, acrescentando não ser possível ainda sequer prever se o candidato do PSL estará no segundo turno da disputa.

“O que significa isso? Que a política, que nos últimos anos foi polarizada entre PT e PSDB, não vai estar mais”, disse.

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