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Seca vai deixar alimentos ainda mais caros em todo o País

12 de setembro de 2021

Energia elétrica, combustível, alimentos… o aumento generalizado de preços na economia já apertou muito o orçamento dos brasileiros, que não estão vendo os seus salários acompanharem o ritmo acelerado da inflação.

Com menos renda disponível e desemprego elevado, as famílias já fizeram substituições e diminuíram a qualidade do prato. E a tendência é de que não haja muita trégua nos próximos meses, diante da maior seca no País em 91 anos.

Veja o impacto da seca e a tendência dos preços em cada alimento:

Café

O café é uma das culturas que já foi severamente impactada pela seca desde o ano passado. A estiagem nas principais regiões produtoras, como Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, prejudicou a florada e o crescimento dos frutos.

E, em julho, os cafezais sofreram mais um baque com três ondas de geadas. As lavouras atingidas perderam folhas e, em algumas, houve até mesmo morte de plantas.

O resultado será uma produção menor nesta temporada que, naturalmente, seria mais baixa por conta da bienalidade da cultura: ano par é de safra alta, ano ímpar é de safra baixa.

Essa queda de oferta, somada aos custos dos insumos e dólar, deve provocar um aumento de até 40% nos preços do café nos supermercados até o fim do mês de setembro, segundo o diretor-executivo Celírio Inácio, da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

Açúcar 

O açúcar que acompanha o cafezinho também deve continuar pesando no bolso do brasileiro. No acumulado de janeiro a agosto, o preço do refinado já subiu 27%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A alta é resultado de uma redução da oferta provocada, em boa parte, por uma seca que atingiu as lavouras de cana de abril de 2020 a meados deste ano, explica Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Salada

O cultivo de hortaliças é muito dependente da irrigação e, por isso, a principal preocupação do setor é se terá água suficiente nos reservatórios até o próximo ano, diz Margarete Boteon, professora e coordenadora do Projeto Hortifruti Brasil, do Cepea.

O déficit hídrico pode gerar redução na oferta de hortaliças, que já foram prejudicadas pelas geadas em julho, provocando aumento de preços. Mas, segundo Margarete, não vai dar para colocar tudo na conta da seca.

Pasto 

O setor de carnes também precisa que chova para aumentar a qualidade das pastagens que alimentam os bovinos. “A base da alimentação é pasto. Se não chove, eu tenho menos produção de pasto, menos boi gordo para o abate e o preço sobe”, diz Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador da equipe de pecuária do Cepea.

Já faz tempo que o consumidor enfrenta preços altos da carne por conta dessa situação e, segundo Carvalho, não deve ter muita trégua. “Nós já tivemos uma redução da oferta por causa da falta de chuvas desde outubro do ano passado. O primeiro impacto foi a diminuição do boi de pasto. O segundo é o retardamento da engorda dos bezerros que estão desmamando agora”, afirma.

Frango e ovos 

O frango e o ovo, que costumam substituir a carne bovina, também ficarão ainda mais caros nos próximos meses.

Nas granjas, o principal fator de pressão continua sendo os altos preços da ração, que representa 75,8% dos custos de produção, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Leite 

A seca também pode aumentar ainda mais os preços do leite por causa da redução da oferta e aumento dos gastos com energia elétrica.

A falta de chuvas tem prejudicado o desenvolvimento da alimentação volumosa do rebanho, que corresponde às gramíneas das pastagens, silos e fenos.

Feijão

Os efeitos da crise hídrica ainda não foram totalmente repassados para os preços do feijão, que devem ter aumento daqui até o início de 2022, diz Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão, Pulses e Colheitas Especiais (Ibrafe).

A alta do valor do alimento nos supermercados deve ocorrer por causa de uma queda na oferta da leguminosa em função da seca que atingiu as lavouras. Sem chuvas suficientes desde o ano passado, o desenvolvimento do feijão das 1ª e 2ª safras foi prejudicado, principalmente no Paraná, que é o principal estado produtor do grão.

Para o próximo ano, a Conab prevê um aumento da produção do feijão, mas destaca que a crise hídrica continua sendo um dos principais fatores que podem prejudicar essa estimativa.

Arroz 

A maioria da produção do arroz é irrigada e, por isso, os custos de produção aumentam com a conta de energia em alta. Os produtores também dependem dos níveis dos reservatórios para definirem a área que será plantada a partir desse mês.

No Rio Grande do Sul, que responde por 70% da produção nacional, os reservatórios ainda não estão 100% e a previsão é de pouca chuva nos próximos dias, diz João Batista Camargo Gomes, diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Fonte: O Sul

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