Após a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que irá acabar com os radares móveis em rodovias na próxima semana, a entidade que representa os agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) se manifestou e disse que a suposta “indústria da multa”, referida pelo mandatário, não existe. Além disso, com números, ressaltou que a utilização de equipamentos e o reforço presencial na fiscalização têm contribuído para a diminuição dos acidentes graves em rodovias federais.
Conforme dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em 2017, houve diminuição de feridos e mortos por conta da utilização do equipamento, em especial, em feriados. A redução foi de 3,5% e 2,7%, respectivamente, em relação ao ano anterior. “Estamos falando em quase 200 vidas preservadas e isso é resultado também do uso do radar. Defendemos que qualquer mudança seja precedida de estudos técnicos”.
De acordo com balanço divulgado em janeiro, a superintendência regional da PRF registrou queda de 20% no número de mortes em acidentes de trânsito em 2018 na comparação com 2017. Houve 249 acidentes graves com 314 óbitos nas estradas federais gaúchas. Já no ano anterior, foram registrados 323 acidentes graves e 390 vítimas fatais. Na época, a PRF atribuiu o resultado ao maior rigor na fiscalização. No Estado, são usados 22 radares móveis.
De acordo com Bolsonaro, a ideia é eliminar a fiscalização móvel já na próxima semana. Com isso, para evitar uma disparada dos casos de motoristas trafegando em velocidade acima do permitido, segundo Casotti, seria necessário a substituição dos radares pela presença de efetivo da PRF, o que é inviável, considerando inclusive o fechamento recente de postos da corporação.
No Rio Grande do Sul, por falta de efetivo, sete postos da corporação foram fechados em 2015. São 730 agentes para realizar o monitoramento de 6,1 mil km de malha federal. Seriam necessários, pelo menos mais 350 policiais rodoviários.
No Brasil, há 10 mil agentes da PRF para cuidar de 72 mil km de rodovias federais. “Para cuidar dessas vias sem equipamento, somente com efetivo e esse é justamente o nosso gargalo. Hoje, não sei como seria feita essa compensação”.
Com informações do Correio do Povo
Fotos: Paulo Martins/BR 285 Ijuí/RS